sábado, 20 de dezembro de 2008


Deixei meu pai ali bem debaixo
Do pé de cajueiro,
quietinho, guardado
nem parecia mais ser ele
o homem forte, valente
cheio de vida
que conheci um dia.
Deixei meu pai
Ali – junto ao pé de pau.
Um bem-te-vi solto
vem cantar todo dia,
um joão-de-barro levou
sua casa para o cajueiro
e do alto observa a paisagem.
Uma serra imensa,
um cantador de viola,
um canto de paz.
O cajueiro a florir em outubro,
carregar em dezembro,
a guardar meu pai em sua sombra
– como ele gostava
Araceli Sobreira
(lembrando um ano de encantamento de Pedro Feitosa)


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