sexta-feira, 27 de maio de 2011

Era tudo o que eu queria agora!


Nunca ouvia nem lia histórias, mas nem precisava. Na minha cabeça um mundo invisível de reis e rainhas, cavaleiros e guerreiros entrava e saía numa rapidez incrível. Havia hora que nem eu sabia o que era da minha criação e o que era da vida mesmo. Um dia, um bardo levou-me a reputação. Quis atirar-me sob as rochas, mas o mar era tão verde e profundo que me encantei. Virei sereia. Jamais saía de minha concha. Até avistar um jovem em explosão com o mar. Seria eu tão imaterial assim para não perceber a fúria com que ele guiava as ondas?
Minha cabeça procurava em vão entre as espumas os caminhos para onde os braços nadavam, mas nunca os encontrava. Um dia o alcanço!
Já era fim de tarde. Um majestoso sol laranja vigiava a areia e as pedras. Nenhum cavalo corria havia muito (séculos?). Na ponta da praia, uma prancha fixava-se em pé, escondendo os braços que venciam o mar.
De minha concha, reconheci, ao longe, o homem. Agora, tinha um nome que os pescadores gritavam toda vida que ele passava rente às jangadas: Lá vai o surfista!

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Imagem: Pesquisa Google: www.comperjagenda21.com.br

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