Naquele dia as lágrimas misturavam-se com as pontas dos dedinhos macios a tocar-lhe o rosto. A criança mantinha os olhos vivos em direção aos olhos da mãe. A vontade era nunca acabar com aquele momento único! O bico do peito inteiro na boca rosada, sugando o leite morno. A pele subindo e descendo, no ritmo das lágrimas e da força dos beiços infantis! Quisera nunca existir o trabalho! Lembrou-se da avó a lembrar-se das palavras da nega Severina: "Fui sua ama de leite! Quando os peito de D. Amália secou, vim resolver com o meu, esse é o meu orgulho"! Hoje não há uma mãe de leite e é necessário ir para o trabalho. Lá fora, o dia azulou-se em promessas de fila de ônibus, caras fechadas, zoada interminável das máquinas de costura. Mulheres inchadas nos pés, mãos rápidas subindo e descendo os tecidos de todos os tons. Que bom que você voltou! Um uniforme azul grudava no corpo aumentado pela gestação.Os olhos voltavam-se a todo instante para o relógio de pulso. Nunca fora de negar trabalho, mas agora doía só de imaginar os olhinhos redondos segurando uma maldita mamadeira, quando ali, a roupa molhava encharcada pelo leite que descia na pia do banheiro!
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