domingo, 23 de maio de 2010




Minhas mãos já velhas
e ressequidas
caminham atrás de teu rosto,
distante, assustado...

Não sentem a pele rompida
desejando correr
leves em gestos suaves...

Antes voavam nos balés, nas noites,
perfumadas, incendiavam tua boca
sensível, florida...

Hoje, despertando, vi-as roxas,
fúnebres, velhas...
teu desejo as puseram de lado,
levantam-se só para adeuses!

Pouco fazem, pouco tocam,
mãos, minhas mãos!
julguei-as belas, jovens, sempre ágeis!

Pelo menos lágrimas,
minhas lágrimas,
ainda secam!








Poema publicado no livro "O chamado ou um cântico para a liberdade" - Scortecci, 2ed., 2008.