quarta-feira, 26 de junho de 2013

Solta no mundo

Estou abafada,
presa dentro de mim mesma.
Queria dizer uma palavra apenas para minha alma sôfrega.
Há algo dentro desta alma sempre em plantão,
sempre atenta, agitada, em rebelião.
Sonhos confusos, estradas perigosas.
Palavras secretas como se o medo de pronunciá-las fosse se tornar meu castigo,
minha pena, por ousar tanto!

Vejo ao longe uma menina
andando numa bicicleta vermelha.
Tão livre, tão doce, tão inteira de si!
Já me perdi tantas vezes que nem  enxergo mais o caminho certo.
Nem o que leva a mim, aos meus desejos, a minha própria voz.

O sol bate firme na estrada de terra batida,
vermelha,
cortada por curvas, subidas, descidas, atalhos...
Sombreada pelas árvores e encostas...a menina corre na bicicleta.
Ignora os obstáculos.
Pode até cair, mas continua.

Procuro essa força da criança que cresceu em mim.
Procuro a valentia,
os sonhos verdadeiros, sem enigmas, sombras ou neblinas.
Procuro os caminhos de uma direção só: o futuro, o adiante,
o que se vê à frente, na próxima esquina,
o mais distante que as pernas puderem alcançar.

                                                             Em 01.03.2004.


                                                 *   *   *




Imagem retirada do blog: http://diariosdabicicleta.blogspot.com.br/2008/10/dirios-da-bicicleta.html