quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Arisco


O cisne branco que não veio passear no meu lago naquela tarde, tirou a tarde para se esconder por entre as folhas verdes e largas dos arredores. Passei a tarde sentada, jogando pedrinhas na água escura sem saber como alcançar a glória das asas abertas, prontas para a dança ao ocaso. Os fones no ouvido me faziam um ser do tempo real, a imaginar o brilho laranja por sobre as águas do lado onde sempre me escondo. Tudo acima de mim tinha a mesma rotina: o lago, meus sonhos, o céu alaranjado de raios e sombras. Faltava apenas o farfalhar das penas brancas a brincar com o vento solto. Comigo era sempre assim: a rotina do inusitado.

        "Hoje eu quero vê-la me achar - o que tem de novo para largar o mundo, ouvindo aquela música          que não para? Já fiquei tonto demais para rodar na marola dessas águas...Quero sentir de                  perto a cara feia do caçador de verde que não atira nunca, com medo de errar!"