sábado, 1 de agosto de 2009


Leves vestígios


O homem de chinelo
aparece no meio da estrada,
veste algodão cru,
corpo esguio,
olhar sereno.

Parece dominar a natureza.
Inclui simplicidade
no caminho,
andando, deixa marcas
atrás de si.

Solitário ente
Perdido entre árvores secas,
Trilhas poeirentas.
Por pontes passa,
carregando sua dor.

Na beira d’água
deixa outra marca.
Beijo selado na areia.

O homem de chinelo
trabalha de sol a sol,
constrói mundos,
novidades, sonhos.

Tão leves, tão frágeis.
No fim, tudo desaparece.
Fica só a marca
dos longos pés no chão de terra.





PS: Esta poesia faz parte do conjunto que recebeu "Menção Honrosa" no IV Concurso de Poesias Zila Mamede 2008

* Imagem: Pesquisa Google => www.portinari.org.com (Pés - Cândido Portinari)