sábado, 1 de agosto de 2009


Leves vestígios


O homem de chinelo
aparece no meio da estrada,
veste algodão cru,
corpo esguio,
olhar sereno.

Parece dominar a natureza.
Inclui simplicidade
no caminho,
andando, deixa marcas
atrás de si.

Solitário ente
Perdido entre árvores secas,
Trilhas poeirentas.
Por pontes passa,
carregando sua dor.

Na beira d’água
deixa outra marca.
Beijo selado na areia.

O homem de chinelo
trabalha de sol a sol,
constrói mundos,
novidades, sonhos.

Tão leves, tão frágeis.
No fim, tudo desaparece.
Fica só a marca
dos longos pés no chão de terra.





PS: Esta poesia faz parte do conjunto que recebeu "Menção Honrosa" no IV Concurso de Poesias Zila Mamede 2008

* Imagem: Pesquisa Google => www.portinari.org.com (Pés - Cândido Portinari)


4 comentários:

Iara Maria Carvalho disse...

"um homem com uma dor é muito mais elegante..."

que lindo poema.
merecidíssima menção!

beijos...

Unknown disse...

Ler Araceli é mesmo ser mente do futuro,e coca-cola com baião... e perceber por vezes o sentido mágico e dúbio:parece dominar a natureza.
inclue simplicidade
no caminho,
andando, deixa marcas
atrás de si.
outra: por pontes passa carregando a
sua dor.
Um homem ao mesmo tempo contando com as suas fragilidades e limites e ao mesmo tempo,se firmando como um eu existente e por si só deixando as suas marcas.
Perfeito,maracante e suave, como devera ser um abraço bom e um bom abraço.

Francisco Sobreira disse...

Cara Araceli,
Um poema de forte conteúdo social e humano, mas que não perde de vista a essência poética. Um abraço.

Lou Vilela disse...

Em um de meus poemas sobre o Sertão, escrevi:

meu sertão, preso na garganta
enquanto dura a pena
pare versos.

E aí está: mais uma bela construção sobre o tema.

Gostei do espaço!

Abraços,
Lou