Naquele dia as lágrimas misturavam-se com as pontas dos dedinhos macios a tocar-lhe o rosto. A criança mantinha os olhos vivos em direção aos olhos da mãe. A vontade era nunca acabar com aquele momento único! O bico do peito inteiro na boca rosada, sugando o leite morno. A pele subindo e descendo, no ritmo das lágrimas e da força dos beiços infantis! Quisera nunca existir o trabalho! Lembrou-se da avó a lembrar-se das palavras da nega Severina: "Fui sua ama de leite! Quando os peito de D. Amália secou, vim resolver com o meu, esse é o meu orgulho"! Hoje não há uma mãe de leite e é necessário ir para o trabalho. Lá fora, o dia azulou-se em promessas de fila de ônibus, caras fechadas, zoada interminável das máquinas de costura. Mulheres inchadas nos pés, mãos rápidas subindo e descendo os tecidos de todos os tons. Que bom que você voltou! Um uniforme azul grudava no corpo aumentado pela gestação.Os olhos voltavam-se a todo instante para o relógio de pulso. Nunca fora de negar trabalho, mas agora doía só de imaginar os olhinhos redondos segurando uma maldita mamadeira, quando ali, a roupa molhava encharcada pelo leite que descia na pia do banheiro!
* * *
27 comentários:
Araceli, gostei do texto bem escrito.
Um abração. Tenhas um lindo fim de semana.
Realmente, um texto belo e comovente.
Abç
Esse é o lamento de todas as mães, ao ver o momento de voltar ao trabalho, deixando em casa a criança que vai ansiar pelo leite desperdiçado.
Real , belo e cheio de sensibilidade!
Bjs.
Olá, Dilmar, Eurico e Marilene,
depois que postei, descobri a história que também existe na construção do quadro que ora "orna" meu texto, história também cativante!
Abração,
Araceli
Muito bom o texto. A vida não é como antes, já não há tempo para se viver realmente e viver também é além de amamentar, estar junto ao filho, sentir seu coração batendo junto ao seu.Beijos
Belo texto, representa bem as emoções vividas e que pra sempre ficam na alma,,,momentos de cotidiano....beijos de bom final de semana, prazer receber te no Livro,,,volte sempre que desejar...
Olá, Arnaldo e Everson,
De tão cotidianos, alguns gestos passam como simples atos...mas ainda assim precisam de olhos atentos!
Obrigada pela visita ao Pedra do Sertão!
Abraço
Um texto belo, para mim, é o que tem gente dentro e as palavras exactas para falar delas e dos que as une.
Dito isto, dispenso qualquer outro adjectivo...
Gostei de te conhecer.
Araceli,
chorei mais uma vez... com os olhos banhados quase não chego ao final do texto... o sentimento é um pouco de tudo isso que você tão bem traduziu...obrigada. Um grande beijo. Irene
Tão delicado 'Adieu mon coeur', gostoso ler..Parabéns!
bjs/Madá.
Araceli,
você é de Sampa?
sobre aprender a andar de bicicleta, acredito muito nesse projeto, ó: http://bikeanjo.com.br/
bom, prometo voltar aqui com calma!
obrigada pela visita!
Esse sagrado momento da amamentação é poesia, é ternura materna é vida. Araceli lindo seu blog. E grato por sua visita.
Que crônica tão linda e tão tocante!
Um abraço, Araceli,
da Lúcia
Emocionante, Araceli! Delicado e profundo. Parabéns!
Adorei voltar aqui!
Beijão, querida.
Tive a sorte de poder amamentar meus filhotes até quando quisessem...
mas imagino a dor destas mães...
e dos bebês de perderam alimentos tão importantes para eles...
Adorei estar aqui e te ver lá nas minhas dependências...
até mais querida.
Meus caros amigos,
As lágrimas de Irene me emocionam novamente, porque tive como amamentar meus filhos por um longo tempo...sendo inclusive "ama de leite" de uma criança muito carente cuja mãe não tinha leite nenhum e que tinha nascido com intolerância a lactose...coisa muito louca para mim...chorei muito quando voltei a trabalhar em duas vezes, mas não desisti de amamentar. Também morro de tristeza quando vejo os filhos que ficam afastados das mães. Acho injusto, estreitar tanto um laço com o leite materno e depois, não ter como ficar com os filhos. Ainda sou a favor das empresas criarem melhores condições para que as mães trabalhadoras tenham suas crianças por perto. Leis, melhoras sociais e outras coisas, porém, nem por isso, as condições são favoráveis às mães!
Abraço: Irene, Madá, Lubi, Antônio, Lúcia, Everson, Cláudia e Zininha!
Araceli
Um belo momento materno!!!
Abraço
Muito bem escrito. Lindo e triste..o retrato cruel da realidade.Estou seguindo teu mosaico de seguidores e agradeço se me seguires de volta em meu mosaico! Seja bem vinda ao meu espaço, nosso espaço! Abraço fraterno e carinhoso!
Elaine Averbuch Neves
http://elaine-dedentroprafora.blogspot.com/
Lindo texto! Obrigada pela visita lá np meu blog.
Bjão!
Antes que o dia acabe e te roube a esperança,
antes que a noite chegue e traga incerteza,
e quando menos esperar, eis você realizando,
e sem perceber, já estará mais uma vez,
sonhando um novo sonho, pra começar tudo de novo,
por que a vida, a vida é um eterno recomeçar.
Que Deus te proteja hoje e sempre.
Não se esqueça que ♥ ... ♥ Estou seguindo -te e te amando .
Um feliz final de semana.
Beijos no seu coração.
Evanir..
Belíssimo texto!
Cumprimentos cinéfilos
O Falcão Maltês
Venho agradecer as suas gentis palavras, mas nao vejo onde possa seguir o blog, nao encontrei a funcionalidade aqui. Um bom fim de semana com o sol da amizade :)
As mães sofrem o eterno dilema de terem que abrir mão da presença de seus filhos, a vida urge, muitas precisam mesmo sair pra trabalhar para ter como criar esses filhos...
Saudações,
desde o outro lado do mar!
Beautiful image!!! Happy Valentine's Day to you and a great week!
Kristin x
Olá como vai? entrei para fazer uma visita e simplesmente adorei.Já estou te seguindo pq com certeza vou visitar seu cantinho mais vezes beijinhos.
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