quarta-feira, 11 de julho de 2012

Caderno de poesias – poema 26

Domingo passado, assistindo a um programa na TV, ouvi um jornalista comentar que Carlos Drummond de Andrade era muito severo com as primeiras poesias.

Fiquei a pensar: por onde andam as minhas?


Tive que pensar muito antes de mostrar essa daí. A marca em vermelho com a palavra "esta" foi feita por minha professora de Português - Socorro Martins -  do Colégio Salesiano, em Juazeiro do Norte - que a selecionou para uma mostra de poesias no segundo ano do Ensino Médio, em 1984. Acho que me influenciei pela escolha da professora também.




Tema absurdo e perdido


Cabeça vazia
perdida no absurdo
do espaço que havia
entre nós: você surdo
e eu mudo que ouvia
o bater de tudo
que padecia
neste mundo
que apodrecia...
Você que, contudo,
convivia
neste absurdo
só sorria...
Eu?
Novamente me perdia

Em 10.06.84




Caderno de poesias – poema 26






* * *







15 comentários:

Imaginário disse...

Ainda bem que, depois de muito pensar, decidiu-se por nos mostrar. Gostei muito, até do cuidado com o caderno, bem guardado... Das reticências que, pareceu-me, a Professora Socorro viu e quis acentuar, incorporando-as ao título, como a marcar um instante entre dois vazios. Belo momento.
Abraço.
Gilson.

Arnoldo Pimentel disse...

O poema é belo e bem profundo, "cabeça vazia", "mundo absurdo",parabéns pela escolha.Beijos.

Heat disse...

Eu gostei de ver.

Quisera eu ser tão boa com as palavras e tão organizada assim.

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Que bom que vocês gostaram...Pensei tanto...quando eu fiz, tinha 17 anos. Muitas dúvidas na cabeça!

Abração,

Araceli

Rita Freitas disse...

Tão bonito e com uma mensagem cheia de sabedoria :)

Bjinhos

BAR DO BARDO disse...

que coragem!
tenho uma caixa com guardados - que nem sei...

ei, mas o seu texto já tinha um quê!
parabéns!

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

Rita e Henrique,

Com 17 anos, a gente é muito atrevida e se arrisca mesmo, rsss...

Abraços

Anônimo disse...

Tem que se arriscar para aprendem contemplar.

Beijo imenso.

Rebeca

-

Arnoldo Pimentel disse...

Boa tarde, se tiver um tempinho visite o blog do grupo de poetas que participo em Belford Roxo RJ, o Gambiarra Profana, e veja um trecho de nossa performance no Teatro Sesc Nova Iguaçu RJ, leia também o texto e se puder dê sua opinião no comentário, sua visita é muito importante pra nós. Desde já agradeço o carinho.
Link abaixo:

http://gambiarraprofana.blogspot.com.br/2012/07/malditas-belezas.html

Arnoldo Pimentel

AC disse...

fazer poesia é, de certa maneira, olhar para a vida e dizer "eu estou aqui".
Gostei muito do seu espaço. Parabéns!

Bj

By Me disse...

No meio do vazio ...e do absurdo ergue-se uma voz; a do coração...

Abraços P.N.

Penélope disse...

Sabe que ainda tenho os meus cadernos de poemas da época da adolescência...
É mesmo muito mágico depois de anos voltarmos para ver o que escrevemos...
Belo poema!
Que bom que decidiu partilhar conosco esta sensibilidade!
Abraços

Luma Rosa disse...

Ah, que delícia ter guardado seu caderno de português.
Carlos Drummond teve um professor de português muito chato quando estudou em Nova Friburgo que o acusou de "insubordinação mental". Deve tê-lo traumatizado e olhado aquela pedrinha como uma grande pedra no meio do caminho. O que não foi o seu caso! Sua professora lhe ajudou a selecionar uma poesia para uma mostra... encaro isso como um grande incentivo.
Sua poesia daqui dois anos fará 30 anos. Isso quer dizer que 30 anos atrás já era uma poeta pronta. Ulalá!! :)

Emecê Garcia disse...

Olá, poetisa!

Drummond foi a minha referência em poeta, porém, quanto ao rigor também parabenizo a você; quanto a mim, perdi o senso enquanto poeta sobre a poesia e sobre o mundo.

Abraços filos!

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

30 anos de poesia...nossa preciso mesmo comemorar...

Poeta pronta?! Sei, não...Acho que estou em eterno exercício com a palavra poética..